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quinta-feira, 3 de junho de 2010

Seleção ou discriminação?

Em março de 2008, o Presidente da República sancionou uma lei impedindo a exigência de comprovação de experiência prévia por tempo superior a 06 (seis) meses. Isso fez fervilhar as áreas de Recursos Humanos das empresas. Nós, com nossos perfis cuidadosamente analisados, estudados e desenvolvidos, ficamos com esta "batata quente" nas mãos.

Mas a "batata" é mais quente do que se presume, pois este fato ressuscitou a velha polêmica do perfil por idade, sexo, até mesmo aparência e raça. Há alguns anos trabalhei numa empresa que não contratava pessoas com barba e hoje ouço colegas comentando (cuidadosamente, é claro) sobre empresas que não contratam fumantes, obesos, enfim, o funil está cada vez mais estreito.

Se por um lado os mais inflamados revoltam-se e levantam suas bandeiras contra a discriminação, por outro lado as empresas munem-se de argumentos para defender seus motivos para estas restrições.

Conheci companhias que preferiam contratar pessoas bonitas, já que sua atividade envolvia atendimento ao público e, assim, aparência e apresentação dos representantes da empresa afetariam diretamente seus resultados. Outros, argumentando com planos de carreira, limitam a idade de contratação e por aí vão...

Compreendo a revolta daqueles que precisam de uma oportunidade e não conseguem por motivos que não acreditam serem relevantes, que não são valores para eles. Quando queremos ou precisamos muito de algo, é muito difícil receber a recusa, seja por que motivo for.

Mas vejo uma linha muito tênue que separa a real necessidade de determinado perfil à discriminação. Também não estou certa de que isto está claro até para os profissionais de RH das empresas, pois o ser humano tem uma grande habilidade para racionalizar questões para justificar suas ações ou coisas nas quais acredita.

Eu, particularmente, me nego a acreditar que empresas, na Era do Conhecimento e da Informação, são geridas por profissionais com mentalidade tão arcaica e medíocre ao ponto de restringir contratações baseados apenas em preconceitos fúteis, isso é tão lamentável que chega a ser inconcebível.

Assim, ao mesmo tempo em que vejo casos de perfis perfeitamente justificáveis, também vejo outros casos claros de discriminação e, nestes, creio que o profissional que se propõe a trabalhar pelas pessoas tem a obrigação ética de atuar realmente como um agende de mudanças dentro da organização.

Mas vale aqui um alerta: o fato da empresa não publicar uma restrição de perfil (seja idade, sexo, tempo de experiência ou qualquer outra) não quer dizer que ela não exista. Então, o que realmente acontece? O governo quer proteger o trabalhador com suas leis, as empresas acatam para se defenderem, mas, no final das contas, novamente é o candidato o maior prejudicado, pois perde seu tempo e dinheiro para concorrer a oportunidades para as quais, na verdade, não será aproveitado.

Por fim, de todas as partes, o mais indicado é sempre manter a razão e o bom senso.

Bom processo seletivo para todos!

Flávia Garbo

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